domingo, 27 de novembro de 2011

Saudades, amigo... dorme bem




Vou sentir falta do teu abraço
Aquele com o corpo todo...
Não esqueço nunca que sempre ao chegar
Você me recebia, com sorrisos saltitantes
E aquela carinha de bobo
Mas eu não quero mais chorar
...

Você me fez molhar o papel todo

...

O ruim é que você estaria aqui agora
O ruim não... o devastador
Eu não posso mais falar com você
Mas promete que vai me ouvir ainda?
Hem?
E onde você estiver...
Olha só o que você fez!
...

Vou sentir falta disso também

...

E apesar de hoje ser um dia daqueles horríveis
Em todos os sentidos...
Ainda lembro de todas as marcas, de todos os gritos
Da companhia...
De você entrando comigo pela casa escura
Porque eu tenho medo(E agora?)

...

Você foi feliz, não foi?
Hem?

...

Te amo.

Daniel Sena Pires – Saudades, amigo... dorme bem (28/11/2011)

domingo, 20 de novembro de 2011

Um dia de lembranças (Alívio)




Alívio não é necessariamente um prazer
É, às vezes, um bloqueio, às vezes, uma tábua
Mastigar os minutinhos, um por um
E no fim deles, ainda sobrar a força da busca
Contudo...

Pra quê?

No final das contas, um dia de alívio
É só mais um dia de lembrança
Qual vai esmagar teu raciocínio
Quando correr for só caminho

No entanto...

Eu já cansei de me explicar

Engraçado isso
Acho que alguém ouviu...
Eu?

Daniel Sena Pires – Um dia de lembranças (Alívio) (21/11/11)

Medo e lágrima



Medo brabo de não continuar navegando
Soda cáustica por sobre a pele descamada
Meio que de lado, vou opondo ao sacrifício
Cauterizando as feridas, Deus do céu... como dói
É a insensibilidade forçada...
Que dói no olho, e dentro do peito
Me arranque um braço, mas não me diga “sim”
Quando não o quiser dizer
Praguejar faminto é algo que entendemos bem
Eu, você, os pais dos outros...
Arrastar uma carcaça vazia por anos e anos
É o tipo de conduta pobre
É horrível se pensar sem saída
E se ver sem escolha, então?
Do alto e das esquerdas...
Que limbo me aguarda?
...

Isso é o atraso
O passado está contando agora sua vantagem
E é muito grande
Muito grande

E é amarga

E é lágrima

Desmaiar às sextas e acordar às segundas...

Eu faço a falta toda...
E fico tão pior comigo.

Daniel Sena Pires – Medo e lágrima (21/11/2011)

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Do frio, da antivida e do filtro da alma



[O som da TV ao fundo]
Ando discutindo muito com meu estado
E me arrepiando pouco, quase nada
Me excitando com cada vez menos tempo
Hoje a coisa anda tão antivida
Que ouvi o frio sussurrando...
Esse medo gelado, atravessando a garganta
E ninguém sabe onde vai parar
Ou, ao menos, eu não sei
Às vezes não sei de nada
E está tudo na ponta da língua
Tanto que arde, por que mudar de assunto agora?
E por que ainda ter assunto?
Mais fácil o óbvio?
Ou não?
Perguntas com respostas cabisbaixas...
Nunca me ajudam em nada
Prefiro relatar o que eu mesmo vejo
O que eu mesmo provo
Disponho dos meus próprios ensejos
E com minhas próprias vitórias
Mesmo que secas do sol
Mas, juro por Deus, sobre todo o amontoado de derrotas
E ainda apontando para um “indo bem”
Imagine que toda chuva seja ácida
E que todo mundo está sem casa
Agora imagine que você não está nem aí
Esse tipo de insanidade tem me tirado o raciocínio
Mas eu “estou aí”...
E no fundo, no fundo...
É isso que me acaba
Estou tentando me ignorar
Mas como calo algo que vem de dentro?
Você pode cortar a língua da opressão, quase sempre
Mas jamais calará o seu próprio entendimento
Ou a própria falta dele
O que vem de você, só de você quer se alimentar
Por mais que seja impressionante isso que vou dizer:
“O máximo que podem ter de mim... é a ressaca de uma alma ébria, solitária, confusa, cansada... e com saudades demais.”
Tento filtrar... tento esconder
Horrível é ser julgado
Eu tento a casa, eu tento o amor
Eu tento a sorte, e tento a dor
Pais, coração, azar, intensidade
Onde vai dar?
Onde já estou?
Será que já estou onde vai dar?
Eu queria não precisar pensar nisso tudo.

Daniel Sena Pires – Do frio, da antivida e do filtro da alma (03/11/11)