sexta-feira, 18 de março de 2011

Da história, dos brinquedos e do natural



Podei os galhos fracos, e a árvore fez-se maior
Tateei meu próprio refúgio, numa manobra arriscada e cruel
Era cedo, e pouco havia pra se ver
E foi buscando não cair, que não voei e fui mais longe

Ou quem sabe não comum, medi mal por não saber
Do alto de uma experiência errada, avariado e confuso
Jurei que eu era vão, um pouco torto, um pouco mudo
E o pior é que quase nunca gosto mais do que tenho, quanto gostaria se não tivesse ou não visse

Iniciou-se o luto, acabou o mundo
Que viagem foi essa que fiz da calma ao desespero?

Da cama ao precipício, acordando pra ouvir
Época essa em que gastei meu saber com imperfeição

Briguei com meu passado, brincando de não fui
Sobre a cama, aquela velha camada de gelo, tão espessa quanto queima
Num susto ontem, quase grito … calei, sem fôlego, e esperei uma hora melhor
Saltando os acertos, ainda me sobra o tempo quase todo

Niilismo breve sobre os homens e seus carros
Sobre a vida e seus brinquedos, sobre os postes e as estradas …
Que levam homens e seus brinquedos, por sobre vidas desmontadas
Por sobre carros … projetados porque a vida é sempre o melhor dos brinquedos

Em janeiro faz exatamente frio
Depois de um ano todo, um desgosto todo sem gosto …

E em um mês, no máximo dois …
Um suspiro, quase nervoso … meio alertando

Ah, o fato de fazer de todo pensar um penar de não ter
Rima com o intuito de não esperar
Casa com o rumo de nunca encontrar
Mas rebate a si mesmo, que tarde é a hora em que os homens felizes se felicitam e brindam

Pois não é tão doce escolher
Como se pensa ao se ver
Mas no final vale a pena

Mais do que não pedir
Abrir o corpo, sair …

E remar sempre, porque um dia as ondas haverão de baixar.

Daniel Sena Pires  -  Da história, dos brinquedos e do natural (18/03/2011)

Um comentário:

  1. Infância perdida...brinquedos jogados. e uma alma sensível! Eu sei que dói.

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