Vou sentir falta do teu abraçoAquele com o corpo todo...Não esqueço nunca que sempre ao chegarVocê me recebia, com sorrisos saltitantesE aquela carinha de boboMas eu não quero mais chorar...Você me fez molhar o papel todo...O ruim é que você estaria aqui agoraO ruim não... o devastadorEu não posso mais falar com vocêMas promete que vai me ouvir ainda?Hem?E onde você estiver...Olha só o que você fez!...Vou sentir falta disso também...E apesar de hoje ser um dia daqueles horríveisEm todos os sentidos...Ainda lembro de todas as marcas, de todos os gritosDa companhia...De você entrando comigo pela casa escuraPorque eu tenho medo(E agora?)...Você foi feliz, não foi?Hem?...Te amo.Daniel Sena Pires – Saudades, amigo... dorme bem (28/11/2011)
Alívio não é necessariamente um prazerÉ, às vezes, um bloqueio, às vezes, uma tábuaMastigar os minutinhos, um por umE no fim deles, ainda sobrar a força da buscaContudo...Pra quê?No final das contas, um dia de alívioÉ só mais um dia de lembrançaQual vai esmagar teu raciocínioQuando correr for só caminhoNo entanto...Eu já cansei de me explicarEngraçado issoAcho que alguém ouviu...Eu?Daniel Sena Pires – Um dia de lembranças (Alívio) (21/11/11)
Medo brabo de não continuar navegandoSoda cáustica por sobre a pele descamadaMeio que de lado, vou opondo ao sacrifícioCauterizando as feridas, Deus do céu... como dóiÉ a insensibilidade forçada...Que dói no olho, e dentro do peitoMe arranque um braço, mas não me diga “sim”Quando não o quiser dizerPraguejar faminto é algo que entendemos bemEu, você, os pais dos outros...Arrastar uma carcaça vazia por anos e anosÉ o tipo de conduta pobreÉ horrível se pensar sem saídaE se ver sem escolha, então?Do alto e das esquerdas...Que limbo me aguarda?...Isso é o atrasoO passado está contando agora sua vantagemE é muito grandeMuito grandeE é amargaE é lágrimaDesmaiar às sextas e acordar às segundas...Eu faço a falta toda...E fico tão pior comigo.Daniel Sena Pires – Medo e lágrima (21/11/2011)

[O som da TV ao fundo]Ando discutindo muito com meu estadoE me arrepiando pouco, quase nadaMe excitando com cada vez menos tempoHoje a coisa anda tão antividaQue ouvi o frio sussurrando...Esse medo gelado, atravessando a gargantaE ninguém sabe onde vai pararOu, ao menos, eu não seiÀs vezes não sei de nadaE está tudo na ponta da línguaTanto que arde, por que mudar de assunto agora?E por que ainda ter assunto?Mais fácil o óbvio?Ou não?Perguntas com respostas cabisbaixas...Nunca me ajudam em nadaPrefiro relatar o que eu mesmo vejoO que eu mesmo provoDisponho dos meus próprios ensejosE com minhas próprias vitóriasMesmo que secas do solMas, juro por Deus, sobre todo o amontoado de derrotasE ainda apontando para um “indo bem”Imagine que toda chuva seja ácidaE que todo mundo está sem casaAgora imagine que você não está nem aíEsse tipo de insanidade tem me tirado o raciocínioMas eu “estou aí”...E no fundo, no fundo...É isso que me acabaEstou tentando me ignorarMas como calo algo que vem de dentro?Você pode cortar a língua da opressão, quase sempreMas jamais calará o seu próprio entendimentoOu a própria falta deleO que vem de você, só de você quer se alimentarPor mais que seja impressionante isso que vou dizer:“O máximo que podem ter de mim... é a ressaca de uma alma ébria, solitária, confusa, cansada... e com saudades demais.”Tento filtrar... tento esconderHorrível é ser julgadoEu tento a casa, eu tento o amorEu tento a sorte, e tento a dorPais, coração, azar, intensidadeOnde vai dar?Onde já estou?Será que já estou onde vai dar?Eu queria não precisar pensar nisso tudo.Daniel Sena Pires – Do frio, da antivida e do filtro da alma (03/11/11)