segunda-feira, 1 de outubro de 2012

O homem que morre






E, assim como quem chora, o homem que morre...
Vai se ligando, ponto a ponto, e se vê em caos
A desordem que se joga aos seus pés...
E a cabeça em todo medo já se vira do avesso.
As cores desbotam...
Todas, todas... E nenhuma lhe quer bem.
O que foi que o homem disse?
Antes de morrer, quase nada faz sentido...
E se depois de morto, há um prazer descomunal?
Onde está a paz dos garotos?
A cabeça fervilhando de tantas idéias inúteis
E as mãos querem matar...
E não querem nada.
E só o coração ainda faz alguma coisa...
Pela pura comodidade humana.
Essas coisas assustam, e são tão mesquinhas.
Como quem morre, todo homem tem de sofrer...
Do contrário, não vive...
Mistério maior que soluçar loucamente de medo...
E mesmo assim insistir, não deve existir.
Inadequação é uma palavra e um dicionário...
Veja que o ponto sólido dos que não querem mais...
É não fazer questão de ponto algum, portanto...
O ponto é nulo, cada definição tem o seu assento...
Seu uso vão... E...
Sabe, acho que cansa, deve cansar...
O homem que morre parece saber o que está acontecendo.

Daniel Sena Pires – O homem que morre (02/10/12)

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