domingo, 31 de julho de 2011

Dando as costas à multidão



Enquanto a música, soando célebre, ia rompendo corações desatentos
Eu me pus ante a todos, cansado de trilhas e metas sem sentido
E, não nego, paralisado de medo
Chefe da minha humilde decisão
Dono de um pouco mais que eu não preciso
Aglomerados sujos, e imagine … ainda brancos de uma limpeza inventada
E dentro de todas as cabeças tão estranhamente tidas como sol
Eu vi saindo pequenos sacos vazios
Espalhando o imenso nada por toda complexa existência
Qualquer um que ligasse os pontos, perceberia que foco não predispõe intenção
Corações abandonados, vidas traumáticas, infâncias despedaçadas …
Vinho num quarto escuro, cigarros por sobre as cadeiras …
Levando-se em conta que “não importa nada”, que “se dói é porque queremos”
Fica mais fácil encarar a vida
Mas mesmo assim, eu ainda fico meio de lado
Tenho medo de tudo voltar, pois quando volta … arrasta
Mais que isso, arrasa … e sempre quebra um pedacinho de mim
Indisciplina da solidão, que mostra aos olhos que tudo é lindo
Mas somos feios de coração, por não haver motivos iguais aos de todos
Raios de sol somando-se às figuras das estrelas …
Como brilhos tão parecidos dizem coisas tão diferentes?
O dia que invade a noite, que nunca se entrega cedo … despencando à claridade
Quem sabe eu bole uma nova maneira de expor meus sentimentos?
Fechando a boca!
Mas nunca fecharei as portas …
Se vier, que venha … se já foi, que seja
Não posso me esconder atrás de silêncios maltrapilhos
Tenho que decididamente agir, pra não faltar
Um choro de alma gemendo tem me acordado ultimamente
Eu olho o quarto todo, e tremo … e divago

E nunca sei onde está.

Daniel Sena Pires – Dar as costas à multidão (01/08/2011)

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