sábado, 30 de julho de 2011

Mito comum



Bem eu suspeitei que ao não saber por onde andavam minhas palavras
Certamente durante o dia não saberia me conter em equilíbrio
Posso não surtar, mas não posso não sumir
E não estando, grito desimpedido, quem haverá de saber?
E que tantos rostos me olhando são estes agora?
Sinta como eu sinto, os minutos sugando vividez
O mal da angústia não é o choro, é o sal que fica
E nenhuma morte é pior do que essa em que se vive
Penetrando o futuro com a lentidão possessiva dos que já saúdam outras vidas
Letargia alimentada pela indiferença, más palavras, costas viradas
O que não justifica perante os olhos alheios de tão fácil desprendimento
Mas por dentro, carne, alma … nota-se de longe o embaraço
Deduzir planejamento sobre o que se sente, é impossível
Ninguém suportaria uma vida regada com mesmice, nessa retidão paranoica
A tese dos doutores do “saber viver bem” masturba seu próprio ego
“Coma o quanto puder” e “Viva por prazer e conquista … e só”
Ei, nem tudo é tão pateticamente banal
Hoje mesmo eu não soube o que fazer com uma dorzinha que me apareceu por não entender
Quando penso em algo absoluto, rivalizo com o que eu mesmo sou
O “vir a ser” é cada vez mais ido
Que mito doloroso, se tornando comum.

Daniel Sena Pires - Mito comum (30/07/2011)

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