sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Até quando?




... é estranho, abri a janela, e um rapaz gritou do lado de fora:
“Acredite, se quiser... o que você pensa não importa pra ninguém”
IDIOTA, foi o que me veio à ponta da língua
Daí, desci pro café, já com saudades do sono
Pensei cá comigo mesmo:
“Sabe o que vou fazer hoje? Reparar em como meu dia consegue acabar comigo, ou reparar as arestas da minha infelicidade interna, propondo, assim, que eu me suporte.”
Chega de pensamentos infelizes
Não há nada pior do que ficar esperando dor o tempo todo
O otimismo, sorrisinhos descontrolados, isso tudo me assusta
Não sei exercitar falsidade
Nunca soube
Mas não custa nada me por de lado
Se o mundo quer que eu não lhe faça mais parte
Que seja, fico aqui com minha alma e meu conjunto... Dois ou três amigos, e uma massa de modelar viva, com a qual ainda consigo compor uma ou outra distração
Às vezes anseio tanto que alguém me entenda...
Que, por algum tempo, nem eu mesmo me conheço
Eu sou egoísta, se não tenho idéia do que sinto, como cobrar isso de outrem?
Não faz sentido, faz?
Me sinto falho, borrando essa maquiagem podre
Meu batom de migalhas, minha peruca Chanel, perfumes baratos em embalagens importadas
Olhe bem dentro dos meus olhos, e me diga...
Diga algo
Por favor
Chame alguém da minha família, e peça ajuda
Chame o meu amor de volta
Me ajude a escolher o que dizer quando ninguém mais suportar me ver por perto
Você só precisa saber uma coisa sobre mim:
Não me importo... E, mesmo assim, perco o sono com qualquer coisinha
E eu estou desesperado... Me sinto como um homem já de certa idade
Sentando numa praça, jogando milho aos pombos, todos mortos
Colhendo as rosas, todas mortas
E voltando pra casa, revendo a todos, todos mortos
Tudo é tão infinito
É maior do que a face da terra
E cabe aqui dentro...
Talvez seja isso pulsando
E eu não dormi muito bem
Quem sabe seja isso movendo meu medo por onde quer que eu vá
E eu não tenho raiva, acho que já a engoli toda
Indigestão fadigada, confusa... Odiosa
As unhas cresceram, a barba cresceu
O preço que eu pago continua crescendo
E... Meu Deus, já são 4hs da manhã de novo
Daqui a pouco, preciso abrir a janela
Até quando?

Daniel Sena Pires – Até quando? (07/01/12)

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