terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Angina



Eu estava tão triste tem tão pouco tempo
Sentei e olhei atentamente um espelho posto do outro lado da sala
Meu rosto está marcado , a pele um pouco seca
E nada me faz querer mostrar os dentes ou o coração

Tive vários diálogos comigo mesmo , nauseado de incertezas
Me tortura a forma como não consigo me conter
E como , com a cada erro , aprendo menos , desprezo a eternidade
Acho que só Deus suporta essa prisão

Provei do meu própio sangue , e era falso
O que há dentro de mim que não me deixa ser eu mesmo ?
Bati palmas pra mais um dia em que a força ainda me faz respirar
Mas dormi logo , esse êxtase de sentir-se bem é algo que combina com outras pessoas

Quem sabe eu queira mesmo me afogar
Ou mais , quem sabe eu queira mesmo correr em direção ao que ainda não enxergo bem
Da vida só se leva o cheiro do que se tem , o que se quer ter te faz gritar e acordar no meio da noite
Salivando e querendo sumir sem que ninguém note , não faz mais sentido completar algo ou alguém

É ótimo acompanhar os outros , mas quando se pára pra pensar :
Por quê ?

Qual o porquê ?
Por quê dói tanto ?

Eu deito e me desfaço em gemidos , no fundo da alma
Quero paz e conforto , não dinheiro ... Não quero ser escravo
Mas quero ser instigante e verdadeiro , falante ... Impressionante
Assim como é impressionante não entender nada , não há sentido em nada
Há ?

Alívio , estou bem .
Mas não me reconheço aqui .

Daniel Sena Pires

Nenhum comentário:

Postar um comentário