terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Pescador anônimo






Antes … fui pescador anônimo
Saciando o ego , e só
Com uma rede de malha fraca
Sem pesca e sem sede nos gestos

Criança largada no mundo
Criado com outros largados
Com lindos rubis cor de sangue
Mas triste , contido

Parar pra respirar num cantinho da sala
Me tornava capaz de sonhar
Com os olhos abertos , disfarçando a angústia
Coberto de razão , transtornado de medo

Crescendo e me comunicando
Fingindo uma igualdade que não está
O cômodo de se deixar ir
É não se esforçar para tanto

Sabe o que é bom ?
Ficar na janela vendo o anoitecer sobre as árvores
E as estrelas aparecendo , uma a uma
Os enganos não ousam me enlouquecer

Quando todos dormem …
Deus pode nos ouvir mais atentamente
Então não pedi mais lágrimas , e entreguei as que já tinha
Sem conformidades ainda , pobre pescador calado …

Esse é o mito do desastre emocional
Rastejo todos os dias pela poeira subindo mais à frente

E se os olhos doem , prefiro não ver nada …
Olhos fechados , mãos trêmulas …
Dissipando incerteza .

Daniel Sena Pires – Pescador Anônimo (01/09/2010)

2 comentários:

  1. "Quando todos dormem …
    Deus pode nos ouvir mais atentamente
    Então não pedi mais lágrimas , e entreguei as que já tinha
    Sem conformidades ainda , pobre pescador calado …"

    Daniel, muito intensa suas linhas de hoje. Este trecho que destaquei reflete um pouco do que sinto. Me alegra que meu estado de mudez hoje não tenha se calado totalmente, falou através de você. Parabéns!

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  2. Muito obrigado ...
    Ao escrever, só há isso ... meus sentimentos guardados e expostos .
    E quando reflete em alguém .
    Gera um conforto, por não me sentir mais tão sozinho .
    Um abraço !

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