terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Insônia





Numa madrugada vivida , há conformidades supostas
E , mesmo sem dormir , minha alma descansou bem
Nada arruinou-se ao ponto de me desfocar durante o dia

O lado bom disso tudo é sempre ver o sol nascer
Um frio que acalma , e uma vaidade dispersa pelos cantos da casa
Cataclismos variam ao gosto dos operários dispostos a mais um dia árduo

Ouvi o que não deveria ouvir ?
Jurei que eram os vivos assobiando o mesmo som dos pássaros nas árvores
Ou os mortos , coitados , me avisando sobre os indícios de que nem tudo vai bem

Agigantei meu corpo à rua , e disparei transtornos seguidos de indignação
Recebi anéis de fumaça como resposta direta , indiretamente não há a correção
Vi as antigas vilas da cidade , são as mesmas desde que nasci

Todas as imperfeições do corpo , e toda busca por perfeição anônima
Qualquer forma de escrever a história que não ouse opor-se ao caos
Não merece respeito , manter-se imóvel é para quem não digere bem os fatos

Assim , nunca mais vou dormir
Está decidido , vou operar o meu corpo com sono genérico
Não vou comer , votar , suar … Nem viajar , nem sequer sozinho

A base do fracasso é algo em que podes tocar
E lembre-se que antes de qualquer fim , passarás por vários recomeços
Inúmeras chances de não te expores a dilaceração

Olhe o céu , sempre azul … mas em uma tempestade avassaladora
Está repleto de nuvens escuras , e tão triste
Mas olhe bem , espere um pouco … ainda é azul .

Daniel Sena Pires – Insônia (18/08/2010)

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